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quarta-feira, 13 de julho de 2011

O Cliente Céptico ou do tipo "Pôr à Prova"

Hoje vou dar início a uma série de posts sobre os condicionantes para uma leitura de cartas não correr bem. Aquelas leituras que nos deixam desanimados, a duvidar das nossas capacidades por não entendermos o porquê do cliente não estar a entender o que estamos a tentar lhe dizer... Aquelas consultas que nos roubam a energia e, muitas vezes, nos provocam dores de cabeça...


Há dois tipos de clientes que eu não gosto de atender, mas que não consigo evitar, pois somente quando eles se sentam à mesa para se consultarem é que partilham as suas crenças: «Sou céptico, não acredito nada nestas coisas e vim só por curiosidade» ou então não partilham nada além do nome completo que solicito sempre no início. E estes que não partilham, são aqueles que podem ser cépticos ou então acreditam que os oráculos conseguem prever o futuro próximo, mas querem ver até que ponto a cartomante adivinha pormenores da sua vida.

À partida estes dois tipos de clientes, que toda a gente que se dedica à arte da "adivinhação" por meio das cartas ou de qualquer outro tipo de oráculo já deve ter tido o "prazer" de atender, com a postura que levam para a consulta fazem elevar uma barreira mental entre ele e o cartomante, que este último não consegue entrar em sintonia com o primeiro, dificultando a leitura.

Numa consulta de cartas é necessário que o consultante colabore. O cartomante precisa de indicações para poder interpretar de forma adequada a jornada do consulente, pois as cartas têm mais do que um significado. Se o consulente não dá a conhecer o que mais lhe inquieta ou o que quer saber, então não pode exigir do cartomante uma consulta com informações/orientações precisas para resolver os seus problemas.

Tal como numa consulta de psicologia, em que o paciente expõe as suas inquietações, o mesmo se espera numa consulta de cartomancia - embora eu não esteja de todo a tentar dizer que a leitura de oráculos é melhor ou igual a uma consulta de psicologia; cada uma ocupa o seu lugar na sociedade e tem o valor que cada um de nós lhe atribui.

Portanto, para que uma consulta dê certo, tem de haver um mínimo de diálogo e ambos os intervenientes, em conjunto, têm de analisar a situação ou situações que levaram o consultante a procurar orientação.

Já atendi os dois tipos, e mesmo assim considero o céptico pior, pois realmente a interpretação das cartas no início costuma ser confusa para mim, além de que o consultante mantém uma expressão impossível de decifrar. Com o andamento da leitura as pessoas ficam mais relaxadas e a barreira acaba por cair. Quanto aos que me colocam à prova, simplesmente vou apresentado as diversas opções e eles que escolham as que consideram mais indicadas para si.

Mas quando notar que a consulta não está a correr bem, mesmo após ter falado ao cliente que a leitura das cartas é um assunto de grande seriedade e não um jogo de entretenimento, o melhor é cessar a consulta e pedir ao consulente, se for do interesse deste, que volte no dia seguinte.

Além de tentar explicar o objectivo do baralho cigano, acrescento que se fosse adivinha ou bruxa já teria conseguido a chave do euromilhões e, por esta altura, estaria num paraíso turístico qualquer e não a deitar cartas - embora goste bastante deste ofício. Este discurso, naturalmente, só profiro quando apanho um dos dois tipos acima descritos.

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